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Vida de fã: a estreia

Foto do escritor: Anhembi DigitalAnhembi Digital

Atualizado: 27 de nov. de 2023

Nossa estagiária estreia a seção especial sobre as alegrias, os perrengues de quem encara show do artista preferido: tem relato com Taylor Swift (The Eras Tour) na cidade do Rio de Janeiro


Por: Maria Clara (AGCOM)

Nunca vou me esquecer da primeira vez que vi o clipe de You Belong With Me, lançado em 2009: ele logo se tornou um fenômeno ao contar a história de uma menina “nerd” que se apaixona pelo capitão do time de futebol americano de sua escola. Eu era apenas uma criança de 7 anos maravilhada em frente a um computador de tubo, assistindo ao clipe 5 vezes ao dia, antes de minha mãe brigar comigo. Estava encantada. Nos próximos anos acabei me distanciando da discografia de Taylor Swift, mas sempre acompanhando pelas rádios músicas como Shake it off, I know you are trouble e tantos outros hits da cantora. Mas de repente eu me encontrei novamente maravilhada pela loira: agora em frente à TV eu assistia ao VMA de 2017 (premiação americana de videoclipes), onde Taylor fazia seu comeback com o clipe de Look What You Made Me Do após um cancelamento massivo da mídia e do público. Cheio de referências pops e de grande produção, me fez querer saber mais sobre a cantora e ouvir mais suas músicas. Desde então minha trilha sonora é cantada por ela.


Talvez você não veja graça na cantora. Talvez não a acompanhe musicalmente. Ao dar uma chance, você começa a entender o hype em cima da loirinha. Afinal, já dizia Jake Peralta (brooklyn 99): “Taylor Swift nos faz sentir coisas”.


Quando as datas da The eras tour no Brasil foram anunciadas, sabia que eu precisava ir, e estava disposta a tudo para conseguir! Até mesmo parar no Rio de Janeiro hahahaha. Era a chance de ver ao vivo aquelas Lives do Tiktok com quase 0 resolução que eu via de sexta a domingo. Então, eu montei forças tarefas, criei conta no banco patrocinador para ter acesso a pré-venda, ressuscitei notebooks antigos e celulares quebrados - era tudo ou nada. A decepção veio, não dava certo, minhas senhas sempre eram enormes e eu não entendia o que eu estava fazendo de errado. 5 tentativas e as datas de São Paulo já haviam sido esgotadas. Chorei tal qual a minha criança, sem julgamentos! Até que… HÁ! Foi anunciada uma data extra no RJ, e não era apenas uma data qualquer, seria a abertura da turnê no Brasil. Confesso que ninguém colocou muita fé em mim, mas eu tentaria de todas as formas. E um milagre aconteceu, num Samsung A30 a senha 12mil foi a minha esperança, e assim que foi processado o pagamento entrei em choque: parecia de mentira, eu não podia acreditar que finalmente deu certo. Chorei, gritei e tudo isso sendo comemorado com a minha irmã, que iria ao show comigo. Quando a euforia passou caiu a ficha: Ok, agora vamos ter que ir pro Rio de Janeiro! Meus pais não ficaram muito felizes com a notícia. A gente sabe que o RJ não é o estado mais pacífico do mundo, mas eu estava disposta a tudo. Passadas algumas semanas achei uma excursão para o show do rio pelo Twitter/X. O preço era bem ok, sairia quinta-feira, dia 16/11, e voltaria para São Paulo logo após o show.


Depois de muito tempo de espera, o dia chegou! Acertei tudo com a minha irmã, pegaríamos o ônibus às 23:30 no Terminal Barra Funda, e já estava tudo programado. Mas não o trânsito por conta do show do RBD no Allianz dia 16 atrapalhou demais. Foi um sufoco. Conseguimos chegar, embarcamos no ônibus e seguimos viagem. Cerca de 1h depois, um cheiro de queimado começou a subir, de repente o ônibus para no acostamento, a guia avisa que precisaríamos descer, pois havia um “probleminha”. Acontece que o “probleminha” era uma fumaceira danada que saía do veículo, o motorista corria pra cima e para baixo com o extintor tentando apagar um pseudo fogo que estava sendo criado. Conclusão: ficamos uns 50min no acostamento esperando outro ônibus chegar. Sinceramente, eu estava fingindo que nada estava acontecendo, estava feliz demais para me estressar. Seguimos viagem, e chegamos no Rio cerca de 11h da manhã. Fomos direto para a fila. E aí começa a saga do dia mais quente da minha vida.


Para começo, andamos 25min até o estádio debaixo do sol forte. A fila do meu setor (pista comum) estava embaixo da sobra para a minha sorte. O resto da fila foi bem ok, sem novidades, mas dica: o que me salvou foi Gatorade e barrinha de proteína (além de muita água). O dia foi passando, comemos um lanche duvidoso e super faturado, compramos camisetas e esperamos eternamente. Quando abre o portão às 16h e a fila começa a andar minha pressão vai para o pé. Achei que ia desmaiar ali mesmo. Eis que surge um microfone na minha frente: era um repórter do G1. E eu como a comunicadora que sou, dei uma entrevista, e por incrível que pareça foi o que me ressuscitou! Infelizmente a entrevista nunca foi ao ar (e eu pesquisei muito). mas tudo bem. Estava acabada e suada - acho que foi melhor assim hahaha.


Ao entrar no estádio, dei a sorte de conseguir uma cadeira inferior sul, e a partir daí para mim e para minha irmã foi tranquilo. Compramos algumas bebidas e comidas, esperamos o show. Foi um sonho realizado: a produção, os efeitos, ela ali diante de mim foi um dos momentos mais incríveis da minha vida. Inclusive mesmo para quem não acompanha a artista consegue ficar encantando com o espetáculo de quase 3h e meia. Os poucos vídeos que eu fiz do show ficaram pouco instagramavéis, pois eu estava berrando, cantando as músicas. Naquele momento eu só pensava que todos os perrengues valeram a pena, e que finalmente minha criança de 7 aninhos podia berrar You Belong With Me, AO VIVO.


Assim que o show termina, eu e minha irmã tínhamos apenas um objetivo: chegar no ônibus em segurança. Para quem não acompanhou as notícias estava tendo uma onda de arrastões após shows, e estávamos num lugar onde não conhecíamos nada. Apesar do medo, chegamos bem no local de encontro, muito suada, claro, afinal tinha sido um dia com sensação de 60°. Mas muito felizes.

Assim terminou a minha saga da The Eras Tour. Um dos momentos mais brilhantes e especiais da minha vida. Realizei um sonho junto com meu maior amor, que é minha irmã. Não poderia estar mais feliz.


Ah, de volta em São Paulo, tem Taylor em todo lugar - repara só nos murais na Estação de metrô da Sé no centro da capital...


DESCASO T4F

Apesar do show ter sido incrível para mim, nem todos podem dizer o mesmo, principalmente a galera da pista premium. Além de não poder entrar com água no estádio, uma água de 300ml dentro do estádio custava 8 reais, as ventilações do espaço estavam vedadas e o chão da pista era forrado de placas de ferro, que com a sensação de 60° se tornaram chapas quentes, que inclusive causaram queimadura em diversos fãs. A própria cantora distribuiu água do seu camarim para as pessoas da pista, pois ali de cima ela tinha uma boa visão do que realmente estava acontecendo. A tragédia ganha corpo quando as notícias referentes ao show começam a sair: mais de 1000 pessoas desmaiaram, há diversos relatos de pessoas que procuraram o ambulatório e os medicavam com Rivotril, acreditando ser uma crise de histeria pelo show e não sintomas de insolação. A pior notícia chega às 3h da manhã: a fã Ana Benevides de 23 anos teve uma parada cardiorrespiratória durante o show e morreu. Uma fã que estava realizando um sonho como eu, que veio de outro estado como eu e nova como eu morreu, por descaso, pelo calor insuportável, pela falta de água dentro do estádio, pela falta de ventilação e por tantos outros motivos. A negligência da T4F já era tamanho, mas piorou não assumindo o erro ou prestando condolências. Ao refletir sobre tudo fica a tristeza e o luto, porque poderia ter sido diferente.



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